sábado, 17 de julho de 2010


Como é empregado no jornalismo o Sic et simpliciter

Jornalista Mirian, da Editora Pini explica as diversas regras de utilização desse termo nos textos jornalísticos

Usado em citações ou aspas, cuja construção frasal apresenta uma determinada inadequação gramatical em relação ao modelo tradicional da língua portuguesa, o termo SIC ou Sic ET simpliciter, toma como referência o português padrão, ou seja, ele deixa claro, ao leitor, que o erro gramatical, de ortografia, pontuação ou de concordância, tenha que ter uma determinada citação que foi cometida pelo autor da citação, e não pelo redator da notícia.

Segundo a jornalista e assistente editorial, Mirian Blanco, da Revista Construção Mercado, os profissionais da área utilizam o sic, em alguns textos, porque os erros de concordância, segundo a norma culta são comuns em entrevistas e pronunciamentos espontâneos feitos oralmente, até porque, o uso oral de qualquer língua é radicalmente distinto de seu uso escrito.

“Considero uma questão de bom senso que o jornalismo, de uma maneira geral, se vale do português padrão e que não reproduza obrigatoriamente a todos os erros comuns da oralidade e ajustem as inadequações gramaticais, de uma determinada citação quando forem transcrevê-las para um texto jornalístico”, explica Mirian.

O termo é um advérbio latino que quer dizer “assim” e é usado entre parênteses, em jornais e revistas, depois de alguma palavra ou frase que contenha um erro gramatical, ou algum desatino que o redator quer deixar claro não ser dele, mas da pessoa que disse ou escreveu.

Ao usar o sic, o repórter quer fazer com que o leitor entenda que foi daquela forma que estava o texto original, mesmo que pareça estranho ou esteja errado ortográfico ou gramaticalmente. Além desse uso como advertência, a palavra também pode ser empregada para denotar ironia.

Para a jornalista Mirian, tudo depende da maneira como é empregada. O uso do sic se emprega de maneira não criteriosa, atribui uma conotação negativa à fonte e pode ser preconceituoso, na medida em que pressupõe as diferentes maneiras do modo de falar culto, ou do modo aprovado pela elite dominante.

“Pessoalmente, quando considero relevante manter inadequações gramaticais à norma padrão da citação, prefiro explicitar esse desvio na própria frase, até porque acredito que o termo SIC seja desconhecido por grande parte das pessoas”, finaliza Blanco.

Lula e suas metáforas

O presidente Lula às vezes é glorificado ou ridicularizado, por fugir dos compromissos com as palavras, em abusar das figuras de linguagem dos seus discursos. A glorificação é cada vez menor, mas ele não gosta apenas de metáforas. Seu linguajar colorido, quando improvisado e solto, vem acompanhado por várias figuras de palavras, ou tropos, como comparações, catacreses, metonímias e outras.

Vejamos agora alguns discursos do Presidente Lula:

1 – “O objetivo desta competição é conquistar vagas para os jogos paraolímpicos de Antenas, em 2004, nas modalidades basquete, vôlei masculino e feminino e adestramento. E aumentar a quantidade de vagas em atletismo, natação, ciclismo e esgrima”. Todos vocês vão competir a uma vaga em Antenas? E quem é que acha que vai ganhar? Levante a mão aí para ver”

Fonte: Discurso para os atletas paraolímpicos

2 - “Estou vendo aqui companheiros portadores de deficiência física. Estou vendo o Arnaldo Godoy sentado, tentando me olhar, mas ele não pode me olhar porque ele é cego. Estou aqui à tua esquerda, viu, Arnaldo! Agora, você está olhando pra mim...”

Fonte: Unifolha, 02/12/2003

3 – “Estou com uma dor no pé, mas não posso nem mancar, para a imprensa não dizer que estou mancando porque estou num encontro com os companheiros portadores de deficiência”. Encontro com atletas paraolímpicos, em dezembro de 2003.

Fonte: Citado no editorial do Estado de São Paulo, 26/03/2004

4 – “Pobre do país que precisa de heróis para defender a dignidade. Pobre do país que precisa de mártires para defender a liberdade ou de mortos para defender a vida”.

Fonte: Abertura da Conferência Nacional dos Direitos Humanos – Site da Radiobras, 29/06/2006

5 – “Todo brasileiro tem motivos para se sentir otimista. As perspectivas só são ruins para os desempregados”.

Fonte: Unifolha de Campo Grande, 02/12/2002 e Tribuna da Imprensa, 04/12/2003


Tire suas dúvidas com os Manuais de Redação sobre o SIC

Folha de S. Paulo

Sic – Expressão usada entre parênteses, principalmente na transcrição de um documento, para indicar que é assim mesmo, por estranho ou errado que possa ser ou parecer: O presidente declarou: “Ou isso é feito ou eu explodo (sic)”. Em casos excepcionais, pode ser utilizada no meio ou no final de uma declaração entre aspas, mas não para ridicularizar o entrevistado, como em “Penso de que (sic) é preciso mudar o país”, disse o candidato. Nesse caso, corrija a declaração que contém erro. O recurso deve ser usado com moderação, apenas quando for relevante para o contexto.

O Estado de S. Paulo

Sic – Latinismo: significa assim mesmo, textualmente. Indica que um termo ou texto foi reproduzido fielmente, por mais estranho (ou errado) que possa parecer: Ele escreveu que “não havia excessão (sic!) possível”.

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