segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Entrevista realizada por mim, com o coordenador da AAES.



Alcoolismo: Uma doença Primária, Crônica e Fatal


Associação Antialcoólica do Estado de São Paulo oferece tratamento
 a dependentes da Região Norte


Em cada copo de álcool, há lágrimas de mães, esposas e filhos. Há mais de 22 anos, o Núcleo Norte da Vila Prado, recebe dependentes de várias idades e sexo.

O seu coordenador, Cleôncio Pereira de Albuquerque, 48, reside na cidade de São Paulo, há quase 21 anos. Nascido na cidade de Cachoeira dos Índios, Paraíba, veio para a capital paulista à procura de uma vida melhor.

Cleôncio era dependente de álcool e foi acompanhar um dos seus irmãos, que também tinha o mesmo problema. Ao chegar à Associação, ele se identificou com os trabalhos e ficou impressionado com os métodos utilizados para recuperar os dependentes.

Aos poucos, começou freqüentá-la e assistir as suas reuniões doutrinárias, só que, ao mesmo tempo, começava a tratar da sua doença com as terapias em grupos que a entidade oferecia aos dependentes.

Após 15 dias, fez o seu voto, e ao completar três meses, ganhou a sua condecoração. Depois de um ano foi contemplado com a primeira medalha de abstinência total.

Hoje, ele é um dos coordenadores no Núcleo Norte e ministra suas palestras e terapias todas as sextas feiras.

Segundo Cleôncio, os primeiros dias são difíceis, mas, após lutar e evitar a primeira dose ocorre uma mudança radical.

Entrevista Ping - Pong, feito com Cleôncio Pereira, Coordenador do Núcleo Norte da AAES.

Renato Ricarte - Como é que funciona a Associação Antialcoólica do Estado de São Paulo?

Cleôncio Pereira – A associação Antialcoólica do Estado de São Paulo é uma entidade que combate o alcoolismo, hoje, com 97 núcleos, quatro regionais e quatro extensões, que estão distribuídos na Capital, Interior e Litoral. O nosso grande objetivo é a recuperação dos dependentes que é realizada através de terapias em grupos.

RR – Quais são os principais métodos utilizados pela Associação, para que os dependentes evitem tomar a primeira dose?

CP – Primeiramente, ele tem que assistir o máximo de reuniões possíveis e o mais importante, ter força de vontade e equilíbrio para se recuperar.

RR – Já ocorreram casos em que o dependente se desviou e não conseguiu evitar a primeira dose? E depois, procurou os novamente?

CP - Sim. Quando ocorre uma recaída, nós recebemos esse companheiro com o mesmo carinho, é como se ele tivesse pela primeira vez, então, o dependente terá mais uma oportunidade para refazer o seu voto e ingressar mais uma vez em nossa entidade.

RR – O alcoolismo é um vício que gera várias doenças que podem até nos levar a morte. Como a Associação orienta os dependentes?

CP – A nossa entidade realiza vários trabalhos simples, mas muito sério. Na qual passamos para eles, que alcoolismo é uma doença com vários níveis de evolução, em que, primeiro ela perde a auto – estima o trabalho, a família e às vezes pode levá-los até o estado de loucura.

RR – A família é fundamental no processo de recuperação? Como eles ajudam?

CP – Sim. A família é muito importante no acompanhamento de recuperação dos dependentes, pois a presença da esposa e dos filhos nos nossos trabalhos, faz com que eles se sintam mais fortes e cheios de alta estima.

RR – Em relação à faixa etária dos dependentes, quais são os tipos de públicos que vocês mais recebem nas reuniões?

CP – Em relação à faixa etária, hoje em dia está muito relativo e recebemos pessoas de todas as idades, não temos preferência, já que sabemos que o alcoolismo começa muito cedo e que é uma doença lenta, progressiva e de fins fatais.

RR – Quando o dependente os procura e está em uma situação muito delimitada da doença, vocês encaminha-os a algum médico ou profissional da saúde?

CP – Muitas das vezes, chegam pessoas muito delimitadas por causa do alcoolismo, com um quadro bem elevado, nesse caso, os nossos diretores e coordenadores de cada núcleo, orienta que as famílias levem-nos e faça um acompanhamento médico.

RR – Como funcionam as terapias de grupo que vocês oferecem?

CP – Nossas terapias são oferecidas para os recuperados de vários anos que passam pela própria experiência diante do alcoolismo, pelos trabalhos que eles aprendem dentro da entidade, e ensinam para os novos companheiros de como evitar os velhos caminhos e sempre estarem presentes em nossas reuniões todas as sextas feiras à noite.

RR – Qual o principal meio de sustentação da Associação?

CP – Após três meses de recuperação, o dependente recebe as suas condecorações, e se tiver recuperado e quiser fazer parte do quadro associativo, ele levará três fotografias no seu núcleo e preencherá uma ficha cadastral com seus dados, que é transferida para a sede central da nossa entidade que está localizada no Centro de São Paulo. Depois desse processo, ele recebe uma carteirinha de associado. Com isso, ele pagará uma taxa mínima para manter as reuniões, os lanches, as despesas e a manutenção do local.

RR – Como é o lado humano dessas pessoas? No seu caso que já passou por essa experiência de vida, como foi a sua convivência com a doença? De que maneira você se recuperou?

CP – Eu sempre costumo citar, como está escrito na Bíblia Sagrada, que após deixar o vício do alcoolismo, o ser humano nasce em uma nova criatura e graças a Deus a minha vida mudou para melhor. Hoje eu sou uma nova pessoa em relação àquela do passado.E sempre falo para meus companheiros de entidade, que ocorre uma vitória e uma mudança radical em nossas vidas.

RR – Cleôncio como seria essa mudança radical, já que deve ser muito interessante ouvir todos esses testemunhos?

CP - A mudança é radical, e o impressionante é ver as esposas e filhos acompanharem esses testemunhos. É uma emoção grande e satisfatória para nós que fazemos parte dessa entidade.

Por Renato Ricarte
Que pena, que não deu para deixar nos critérios jornalistico, diagramado e com olho.

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